O ano de 2023 foi o mais quente da história do planeta, de acordo com dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Brasil não foi exceção, com uma temperatura média de 24,92ºC, também conquistando o primeiro lugar em sua história, além de enfrentar um total de nove ondas de calor. Um dos fatores que contribuíram para esses dados é o fenômeno El Niño (aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico Equatorial), que tende a favorecer o aumento da temperatura em várias regiões do planeta. Mas a realidade é que, com o aumento da temperatura global da superfície terrestre e dos oceanos associados às mudanças climáticas, esses eventos extremos estão se tornando cada vez mais frequentes.
Um dos muitos impactos do calor extremo é o deterioro das colheitas.
O calor excessivo apresenta grandes dificuldades na agricultura, o estresse térmico nas colheitas afeta negativamente o crescimento e desenvolvimento das plantas, resultando em uma redução do rendimento e qualidade. Além disso, a combinação de altas temperaturas com escassez de precipitação torna-se ainda mais problemática. Períodos prolongados de seca aumentam a demanda de água das plantas, aumentando assim o estresse hídrico das colheitas.
Dezembro e janeiro no Brasil foram marcados por episódios de chuvas que, em alguns casos, provocaram inundações, deslizamentos de terra e impactos na agroindústria.
Durante os meses anteriores, temperaturas extremas foram registradas em grande parte do país, com temperaturas superiores a 40ºC em amplas regiões e deixando alguns recordes, como os 43,6ºC em Parnaíba (PI) em 27 de dezembro. No entanto, as precipitações também tiveram um grande impacto.
As chuvas se concentraram no oeste do país como resultado da combinação de calor e alta umidade, contribuindo para a manutenção da umidade do solo nessas áreas e favorecendo o plantio e o desenvolvimento de culturas de primeira safra, café e cana-de-açúcar no sudeste. Algumas localidades até superaram os limiares históricos, como o caso de Itaituba (PA), que registrou 147 mm em 24 horas em 18 de dezembro.
Por outro lado, em grande parte da Região Nordeste, foram observadas menores acumulações de chuva, mantendo os níveis de umidade do solo ainda baixos e exacerbando a seca. Com alta probabilidade, a combinação do fenômeno El Niño e um Atlântico Tropical mais quente do que o normal pode estar por trás dessa escassez de chuvas.
Para o próximo trimestre, são esperadas altas temperaturas e precipitações abaixo do normal em amplas regiões do nordeste.
Já no início de fevereiro, foram registrados recordes mensais, como os 39,6ºC em Boa, no domingo, dia 4 de fevereiro, e, de acordo com as previsões para o próximo trimestre, as temperaturas continuarão registrando valores muito acima do normal em grande parte do país, com alta probabilidade. Quanto às precipitações, as regiões centro, norte e leste também continuarão registrando valores abaixo do normal.
A previsão do balanço hídrico para diversas regiões do Brasil oferece uma perspectiva mista em termos de umidade do solo e sua influência nas culturas.
Para as regiões Centro-Sul, Sudeste e Sul, é de se esperar um aumento progressivo da umidade do solo, o que beneficiará o desenvolvimento de culturas de primeira safra. Por outro lado, no Norte e Nordeste do país, são esperadas condições mais secas, com algumas exceções pontuais.
Essa divergência nas previsões hídricas destaca a importância de monitorar de perto o impacto na agricultura e a necessidade de se adaptar às condições climáticas em mudança para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade agrícola em diferentes regiões do país.
A previsão meteorológica desempenha um papel crucial no enfrentamento dos desafios da agricultura no Brasil.
Graças à colaboração entre Auravant e Aphelion , foi desenvolvida uma ferramenta para tomada de decisões informadas sobre o manejo de cultivos e recursos hídricos para enfrentar o principal desafio: a adaptação aos fenômenos adversos de ondas de calor, inundações ou secas. Através da integração de um widget de previsão meteorológica, oferecemos aos agricultores a capacidade de monitorar de perto as condições meteorológicas locais e prever eventos extremos em suas parcelas.
Com o regime previsto de precipitações para o país, a gestão da água torna-se crucial para garantir a disponibilidade hídrica adequada para cada cultura. Contar com previsões meteorológicas permite planejar a distribuição da água de irrigação e implementar práticas de conservação de água, mitigando assim os impactos da seca na produção agrícola, especialmente para culturas como soja, milho e cana-de-açúcar.
A previsão de temperaturas máximas acima de 33°C durante fevereiro em todo o Brasil, com possibilidade de alcançar cerca de 39°C em algumas regiões, apresenta desafios para as culturas sensíveis ao calor. Saber quando ocorrerão os eventos de calor extremo permite implementar práticas que ajudem a minimizar seus efeitos.
A previsão meteorológica de curto prazo fornece informações críticas e oportunas. Permite aos agricultores e especialistas em agrometeorologia tomar decisões informadas para mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos e otimizar a gestão dos recursos agrícolas, sob um clima cada vez mais extremo que tende ao aumento das temperaturas.